Recebi pelo correio um envelope enorme, que foi entregue sob protocolo na portaria do meu prédio. Vinha do Detran/RJ. Cruzes! O Detran me descobriu, apesar de eu não ter agredido ninguém, mas é que sou doido o bastante para ter um martelo no carro. E se alguém foi agredido com martelo no transito do Rio e eu não fiquei sabendo? Já tinha havido um caso de agressão a barra de ferro no transito do Rio; o agressor já era conhecido das autoridades e, segundo um laudo médico, era portador de certa esquizofrenia. A família já vinha há tempos tentando interditá-lo, parece que sem sucesso. Mas e eu? Não agredi ninguém, nenhum dos meus filhos quer me interditar, ainda. Peguei o envelopão que o porteiro me passou, tratei de tirar o martelo do carro e subi rápido para meu apartamento.
Aí, cuidadosamente, abri o envelope. Lá estava um Certificado de Reconhecimento de Conduta Exemplar, acompanhado de uma carta louvando minha disciplina porque, ao sair de casa para trabalhar ou passear com a família, ao levar os filhos à escola, bla,bla,bla, transformei uma atividade rotineira em uma lição de cidadania.
Bolas, não me encaixo em nada disso! Não saio tanto assim e, nas vezes em que o faço, minha preocupação maior é não ter um revolver apontado para minha cara e perder a dignidade em 10 segundos, como já aconteceu uma vez.
Também evito os pedaços dessa cidade que me acolheu onde tem os malditos pardais que cismam que todo motorista tem obrigação de ser sócio-contribuinte da prefeitura numa indústria de multas vergonhosa.
Já me refiz do susto e da surpreza. Agradeço ao Detran/RJ a gentileza, mas preferia um transito mais humano, com a presença de autoridades para coibir abusos, educar.
Os demais elogios na carta protocolar (quantas mais o Detran/RJ terá enviado?) é melhor esquecer porque aí me dei conta: teremos eleições este ano? Este mundo é muito doido mesmo.
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